A Jornada Heroica do
Autor
Depois de anos fora de
catálogo, A Jornada do Escritor, de
Christopher Vogler, volta às livrarias brasileiras em nova edição da editora Aleph.
Por César Alves
Em conversas com amigos já disse mais de uma
vez que a única regra válida para a escrita criativa é a de regras existem para
ser quebradas. Não se aprende a ser criativo; não se ensina a ser escritor, o
artista forma-se e, formando-se, desenvolve, inventa e reinventa suas próprias
formas e linguagens.
Mas isso não significa que a arte de contar
histórias não possui suas próprias formas inevitáveis e que o bom contador de
histórias deve ignorá-las. Conhecê-las bem, aliás, mesmo que para subvertê-las,
como é do feitio de escritores realmente bons, é quase uma obrigação. Como
defende Christopher Vogler forma não significa fórmula e é às formas que compõe
uma grande história a que se dedica em seu A
Jornada do Escritor, que após anos longe de nossas prateleiras ganha nova
edição em português pela editora Aleph.
Desde que o herói Gilgamesh empreendeu sua
epopéia no poema épico da Mesopotâmia, registrados em escrita cuneiforme em
placas no século sétimo antes de Cristo, até a última aventura de Batman ganhar
as telas dos cinemas e faturar milhões em bilheteria; passando pelo bravo Odisseu
e sua argúcia para vencer as armadilhas de Posseidom em sua jornada de volta a
Ítaca, depois de vencer praticamente sozinho a guerra contra os troianos, com a
brilhante estratégia do cavalo de madeira, certas características na narrativa
de uma aventura continuam as mesmas.
Tais características e passagens, denominadas A
Jornada do Herói, foram tema recorrente na obra de Joseph Campbell,
especialista em mitologia e religião comparada norte-americano. Em sua obra O Herói de Mil Faces, Campbell disseca
passagens recorrentes na trajetória heróica dos mitos ancestrais, tanto na
mitologia clássica, quanto na bíblica e cristã, de Homéro a Shakespeare, tais
como O Chamado à Aventura e A Descida aos Infernos, por exemplo. Foi justamente
inspirado em O Herói de Mil Faces, de
Campbell, que Vogler desenvolveu seu A
Jornada do Escritor.
O livro apropria-se dos tópicos abordado pelo
genial mitólogo norte-americano em seus estudos obrigatório, usando uma
linguagem atual e acessível, fazendo uso não só dos exemplos mitológicos
clássicos de Campbell como também de obras contemporâneas como a trilogia Star Wars, de George Lucas, entre
outras, por exemplo.
Além de Campbell, Vogler baseou-se nos estudos
de Carl G. Jung sobre arquétipos e Inconsciente Coletivo para estruturar seu
livro que é considerado uma das obras mais importantes sobre estrutura
literária hoje, utilizada como guia por escritores de roteiros
cinematográficos, peças de teatro e literatura.
Longe de ter a intenção de estabelecer fórmulas
– o próprio autor sugere aos seus leitores que as desconstrua, afinal, a
simples leitura do livro não faz de ninguém um escritor –, a obra oferece uma
série de dicas e observações importantes para se compreender o processo de
construção de uma narrativa, como amarrar bem uma história e, através de uma
leitura atenta, ajudar na formação de escritores como escrever com maestria.
Consultor de grandes estúdios, o autor
colaborou com filmes de grande sucesso como O
Rei Leão, Clube da Luta e Cisne Negro, entre outros. Leitura
indicada tanto para estudantes e profissionais das mais diversas áreas da
escrita criativa, quanto para leigos.
Serviço:
Título: A Jornada do
Escritor
Autor: Christopher
Vogler
Editora: Aleph
488 páginas
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