sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Não Confie em Nenhum Disco com Menos de 50



Jubileu ou Não Confie em Nenhum Disco com Menos de 50
Por César Alves

Sendo previsível, na cobertura de música, posso dizer que será o ano da previsibilidade.
2017 marca o jubileu de lançamento de diversos discos que revolucionaram o segmento musical a partir daí. Obras como Sgt. Peppers dos Beatles; Velvet Underground and Nico da banda de Lou Reed e John Cale; Forever Changes do Love; High Priestess of Soul da Nina Simone; Astral Weeks do Van Morrison; Surrealistic Pillow do Jefferson Airplane e uma infinidade de outros títulos que tomariam mais de “textão” só para relacioná-los, correndo o risco de deixar muita coisa boa de fora.
Conhecendo bem a cobertura musical como é feita no Brasil, posso antecipar desde já o festival de clichês e até as frases prontas de quem e sobre que obras escreverão nos próximos meses.
Deixei de escrever sobre musica há mais de dez anos, tendo em vista que perdi o interesse na musica como assunto e percebi que havia gente muito mais gabaritada para cobrir o tema do que eu. Por outro lado, gosto de muita coisa feita no ano de 1967, não só pela qualidade musical, mas também pelo contexto histórico e social em que foram compostos e gravados.
Do meu ponto de vista ignorante, sempre achei que 67 foi apenas o ápice de um período de três a cinco anos, a partir da segunda metade de cada década, em que a produção musical popular passa por uma inquietação criativa que antecipa o que será a musica da década seguinte. Então, sempre conforme a visão do amigo aqui, seria o ponto mais alto de algo que começa em 1966 e vai até 1970, preparando o terreno para o rock progressivo (que tem raiz no produção Baroquee), a musica Disco (o Funk e Soul e a produção musical voltada para pistas de dança), o Heavy Metal (os discos do Blue Chear e Black Sabath) e até o punk (o já citado VU e as estréias do MC5 e The Stooges).
Foi assim nas décadas seguintes, com o surgimento do punk rock e rock industrial, a invasão das festas de quarteirão e suas Sound Machines nos bairros negros pobres da Jamaica aos Estados Unidos e a musica eletrônica tocada em pistas de boates gays que abrem caminho para o pós-punk, os selos de rock independentes, Rap e o movimento Hip Hop e a House Music. Assim como os álbuns do Sonic Youth, Jesus and Mary Chain, Dinosaur Jr, entre outros, e as estréias do Public Enemy, N.W.A. e outros marcariam o que seria o rock e o rap dos anos 90.
Do lado de cá, fico tentando adivinhar qual de meus amigos irá assinar o primeiro de muitos artigos clichês sobre o jubileu do “ano mágico” de 1967 na música. Mas o que eu gostaria mesmo era de poder antecipar quais discos e artistas representam hoje algo que nos faça ter boas expectativas quanto ao que está por vir nos anos 2020...
Surpreendam-me!