sábado, 30 de julho de 2016

O Homem que Desenhava Gatos - Louis Wain



Louis Wain ou a Trágica História do Homem que Desenhava Gatos

Popular, na Inglaterra Vitoriana, como criador de simpáticos cartões postais estrelados por felinos, o artista passou seus últimos anos internado em clínicas psiquiátricas, devido à esquizofrenia.
Por César Alves

Talvez você nunca tenha ouvido falar de seu nome, mas certamente já tenha visto uma reprodução de seus desenhos de início de carreira: cartões postais e imagens cotidianas estreladas por gatos em situações humanas. Ilustrador popular e respeitado na Inglaterra Vitoriana, Louis Wain (1960-1939) é conhecido como “o homem que desenhava gatos” e um caso ainda hoje estudado por especialistas e estudantes das ciências neurológicas.
Como ilustrador, seu talento para o desenho ganhou reconhecimento, não só pela beleza de seu traço e acabamento, como também por sua criatividade para compor peças com apelo infantil e temática, quase sempre adultas.

Recluso e muito ligado à sua família, sua vida e sua obra viriam a mudar drasticamente, após passar por tragédias como as mortes da irmã, da mãe e de sua esposa, num curto espaço de tempo. A eclosão da Primeira Guerra Mundial teria sido a gota d´água para um colapso nervoso que o levaria a um estado esquizofrênico progressivo, aos 64 anos. Depois disso, o artista passaria o resto de sua vida como interno em diversas instituições mentais.
Se a doença condenou o artista a uma vida de depressão, clausura e sofrimento, sua dedicação ao trabalho e sua fixação por gatos, no entanto, mantiveram-se intactas. Seu estilo, porém, tomou outra direção.
Quase como um espelho do que ocorria em sua mente, os gatos antropomórficos de Wain, a partir daí, ganham características estranhas que parecem evoluir conforme evoluía sua esquizofrenia. Os gatos dissolvem-se em abstrações e coloridos caleidoscópicos, chegando a antecipar a arte experimental – muitas vezes, sob o efeito de drogas – e psicodélica dos anos 60.
Mas são os olhos de seus gatos, criados durante essa fase, que mais impressionam. Depois da esquizofrenia, os felinos, antes simpáticos e sorridentes, agora parecem olhar fixamente, com fúria, desprezo e desconfiança para quem os observa. Reflexo, dizem especialistas, da própria doença, tendo em vista que os pacientes de esquizofrenia costumam projetar nos olhares dos outros sentimentos de hostilidade e ameaça.
Louis Wain morreu numa clínica psiquiátrica em 1939, mas sua obra, pelo menos para este que vos escreve, tornou-se eterna, tanto no sentido estético, quanto clínico.