O Quinto Fabuloso de
Liverpool
Sucesso de crítica e
vendas, a premiada biografia do empresário dos Fab Four em quadrinhos deve
virar filme e chega ao Brasil pela editora Aleph.
Por César Alves
Contrariando um velho clichê muito explorado em
artigos, livros e documentários sobre a história dos Beatles – a de que o
produtor George Martin seria a cabeça de número cinco na máquina criativa e bem
sucedida dos quatro fabulosos de Liverpool –, em 1999, o ex-Beatle, Paul
McCartney teria declarado: “se houve um quinto beatle, este foi Brian Epstein.
Brian era praticamente parte do grupo”. O depoimento foi a inspiração para o
título de O Quinto Beatle, Graphic Novel, recentemente, publicada
no Brasil pela editora Aleph, que conta a história do empresário, divulgador e
principal responsável pela beatlemania
em quadrinhos.
Escrita por Vivek J. Tiwary e com desenhos de
Andrew C. Robinson, a obra narra a história de Epstein, a partir do momento que
ele descobre seus futuros protegidos e decide empresariá-los até sua morte, em
1967, por uma overdose acidental.
Dono de uma loja de discos e também empresário
de outras bandas de Liverpool, como Gerry
and The Peacemakers e Billy J. Kramer,
Brian Epstein foi o primeiro a perceber o potencial do grupo, ao ponto de
insistir em conseguir um contrato para eles quando ninguém apostava que eles
poderiam ser alguma coisa, dentro do Show
Business. Visionário, desde os primeiros momentos da carreira do quarteto,
declarava “um dia, eles serão maiores do
que Elvis Presley”, provocando risadas em gente do meio musical.
Epstein, que era judeu, quando ser judeu era no
máximo algo aceitável, e homossexual, quando o homossexualismo era tratado como
crime ou doença, foi responsável pela construção visual dos Beatles,
convencendo-os a trocar seus casacos de couro rockers pelos famosos terninhos de gola que os fizeram mais
apresentáveis para o público britânico
São os desafios, tanto na vida pessoal, quanto
profissional, abraçados pelo empresário que dão o tom da narrativa, que
representa em alguns momentos, Epstein como um toureiro. Tais experimentos
visuais foram a opção dos autores para representar, de forma simbólica, os
embates internos e externos sofridos por ele, que tomava remédios para “curar”
seu homossexualismo.
Em vários momentos, os autores recorrem a
elementos fantasiosos para caracterizar os efeitos das drogas, colocando o
leitor na perspectiva de Epstein. Como, por exemplo, a negociação entre ele e o
apresentador Ed Sullivan para a apresentação dos Beatles no programa de maior
audiência nos Estados Unidos da época e que deu ignição à beatlemania. Durante a conversa com Sullivan, o apresentador fala
através de um boneco de ventríloquo.
O texto foi construído através dos depoimentos
de amigos e colaboradores do empresário, como Nat Weiss, advogado dos Fab Four,
e Joanne Pettersen, assistente pessoal de Brian Epstein.
Da relação afetuosa entre Epstein e Pettersen –
aqui como Moxie –, passando pela explosão mundial do grupo; os escândalos –
como a declaração de Lennon de que “os
Beatles agora são maiores que Jesus Cristo” e sua repercussão entre
conservadores e religiosos xiitas –, e as férias na Espanha que o empresário
teria passado com John e que ainda hoje rende debates sobre a sexualidade de
Lennon, trata-se de um belíssimo trabalho.
A Graphic
Novel esteve por cinco semanas entre a lista dos mais vendidos do The New York Times, foi indicada ao
Prêmio Eisner, o mais importante dos quadrinhos, e vai ser adaptado para o
cinema no ano que vem, com direito ao uso de canções, autorizado pelos Beatles
sobreviventes.
Serviço:
Título: O Quinto
Beatle.
Autor: Vivek J.
Tiwary.
Ilustrador: Andrew C.
Robinson.
168 páginas
Editora: Aleph.
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