quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Ray Kurzweil - Como Criar Uma Mente



A desconstrução do cérebro e a criação da nova mente

Inventor, futurista e visionário da Era Tecnológico, Ray Kurzweil propõe a engenharia reversa do cérebro humano, como receita para a criação das futuras máquinas inteligentes perfeitas.
Por César Alves

O homo sapiens, até o momento, parece ser a única espécie surgida neste planeta cujo sucesso evolucionário, além de alçá-lo ao topo da cadeia alimentar na luta pela sobrevivência, também inaugurou um novo degrau evolutivo pós-seleção natural.
Através da observação, coletada, registrada e transmitida uns aos outros sobre o funcionamento da natureza a sua volta; e da criação e invenção de instrumentos, talvez, não seja um completo exagero dizer que a humanidade passou para um novo estágio. Agora não só se adapta ao ambiente, como também, desde que abandonou o nomadismo, o homem adapta a ele o mundo em sua volta.
Como já defenderam muitos estudiosos, esse novo estágio segue por duas linhas evolutivas separadas que, paralelamente, seguem na direção do mesmo destino: a da técnica e do pensamento. Da lança ou míssil balístico e foguetes que nos levaram à lua; da escrita cuneiforme ao e-mail e os modernos computadores de bolso, ambas as linhas são guiadas e impulsionadas pelo mesmo motor e principal acessório biológico da espécie: o cérebro.
Desde que o matemático e criptógrafo, Alan Turing, um dos pais da ciência da computação, vislumbrou o futuro de máquinas inteligentes, que teria sido desencadeado pelo surgimento dos primeiros computadores, lançando as bases do moderno conceito de Inteligência Artificial, ainda em meados dos anos 1950, parece ter ficado claro que o próximo passo da invenção humana passaria pelo desafio de dar aos instrumentos, frutos de sua capacidade técnica, o dom do pensamento.
Décadas à frente de seu tempo, os conceitos e teorias abordados por Turing décadas atrás, em parte, já são realidade. Afinal, vivemos em um mundo de máquinas inteligentes. Mas seus conceitos foram muito além dos aparelhos celulares que conversam e atendem ao chamado de voz do proprietário, computadores que jogam xadrez e drones que espionam e bombardeiam alvos inimigos, sob um comando feito a quilômetros de distância. Ele vislumbrava um mundo em que as máquinas seriam capazes de igualar de forma tão profunda o raciocínio e intelecto humano, inclusive em suas complexidades, ao ponto de se tornar impossível a distinção entre uma pessoa e uma máquina, durante uma conversa.

Essa etapa, segundo defende, o inventor e futurista, Ray Kurzweil, também está mais próxima do que pensamos – em entrevistas, chegou a datar 2029 como o ano do surgimento das primeiras máquinas inteligentes. O segredo, conforme aposta em seu livro, Como Criar Uma Mente, que acaba de sair no Brasil pela Editora Aleph, está na compreensão do funcionamento de nosso cérebro, processador da mais complexa e perfeita máquina biológica conhecida, o corpo humano.
A obra, que acaba de sair no Brasil pela Editora Aleph, busca desvendar os segredos do pensamento humano e propõe que a entrada na era das máquinas inteligentes prevista por Turing passa por um processo de engenharia reversa do cérebro humano para desvendar seu funcionamento, principalmente de nosso neocórtex – exclusividade do cérebro de animais mamíferos, que é responsável por nossa capacidade de lidar com padrões de informação de forma hierárquica.
Para o autor, tal característica do cérebro biológico, é fundamental para a construção da mente artificial perfeita e, inspirado na maneira como são processadas as informações pelo neocórtex humano, desenvolveu uma Teoria da Mente Baseada em Reconhecimento de Padrões, descrita no livro.
 Mas, ao contrário do que alguns leitores poderiam supor, suas idéias vão além da teoria. Para comprovar o que fala, Kurzweil se apóia em diversos projetos e estudos em andamento com esse propósito, além das mais recentes descobertas no estudo científico sobre o funcionamento do cérebro e como tais avanços da neurociência colaboram com o desenvolvimento da inteligência artificial.
Atual Diretor de Engenharia do Google e fundador da Singularity University, Kurzweil, classifica-se como uma das mentes contemporâneas dotadas do mesmo intelecto visionário de Alan Turing. Autor de The Age of Intelligent Machines (A Era das Máquinas Inteligentes), que ganhou o Association of American Publisher´s Award de Melhor Livro de Informática de 1990.

Além de apresentar um apanhado do que vem acontecendo na vanguarda dos avanços e descobertas em neurociência e tecnologia atualmente, Como Criar Uma Mente faz um apanhado dos principais exercícios mentais, realizados por gênios como Charles Darwin e Albert Einstein para comprovar suas teorias, responsáveis pelos maiores avanços no conhecimento científico dos dois últimos séculos, além de sugerir ao leitor exercícios para comprovar suas próprias teorias. O livro também aborda a interface Homem-Máquina e demais temas pertinentes ao tema e que estarão cada vez mais em voga nas próximas décadas.
Dele, a editora Aleph já havia publicado anteriormente A Era das Máquinas Espirituais, que recomendo como leitura essencial para compreender esse nosso admirável mundo novo e as grandes expectativas que o futuro nos reserva.

Serviço:
Título: Como Criar Uma Mente
Autor: Ray Kurzweil
Editora: Aleph
400 páginas



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