Outros Carnavais
Aproveitando as
festividades de Momo, a Fundação Unesp lança três grandes obras sobre o tema em promoção imperdível.
Por César Alves
Antecipando-se às festividades carnavalescas, a
Editora Unesp começa 2018 tendo como abre-alas colocando em promoção títulos de
seu imenso catálogo que abordam diferentes aspectos de um tema inesgotável e
muito caro à maioria dos brasileiros: o Carnaval.
Assim como o futebol, a celebração anual que
vai da sexta-feira gorda à quarta-feira de cinzas não nasceu no Brasil, mas
acabou por ser incorporada ao imaginário de todos os povos e nações do mundo
como um de nossos mais famosos cartões de visitas.
Os carnavais de rua e
dos clubes na cidade de São Paulo: metamorfoses de uma festa (1923-1938) –
O primeiro deles, Os carnavais de rua e dos
clubes na cidade de São Paulo: metamorfoses de uma festa (1923-1938), escrito
pela professora de História do Brasil, nos cursos de graduação e pós-graduação
da Fundação Unesp, Zélia Lopes da Silva, debruça-se sobre a história do
Carnaval de Rua na cidade de São Paulo, bem como os Blocos e Clubes, que
marcaram os carnavais das décadas de 1920 e 1930. Fruto de uma pesquisa
aprofundada em torno dos bailes, cordões e blocos de rua que puxavam as
festividades pelas ruas do Centro de São Paulo e arredores, a autora teve como
ponto de partida descobrir o que motivava os foliões do período, quando a
metrópole ainda era conhecida como a capital do trabalho, a cidade que não para
e quetais, a desatar a gravata, dar uma pausa no trabalho e trocar a carranca
séria por uma máscara ou pintura de Arlequim, Pierrot ou Colombina. Aqui, a
professora Zélia disseca as origens e significados das brincadeiras, festejos e
cânticos mais populares durante as duas décadas, fornecendo um rico registro de
um carnaval muito diferente de como hoje o conhecemos.
Festa de negro em
devoção de branco: do Carnaval na procissão ao teatro no círio – Em se tratando de nossa fortuna
musical folclórica e popular, poucos pesquisadores e autores fizeram tanto pela
manutenção de sua memória quanto José Ramos Tinhorão. Historiador, pesquisador,
colecionador e apaixonado como poucos ao objeto de sua pesquisa, Tinhorão é
autor de dezenas de títulos que abordam os mais diversos aspectos e
características de nossas raízes rítmicas, sonoras e líricas e sua construção,
dentro do contexto histórico de formação de um patrimônio cultural ao mesmo
tempo em que também tomava forma um país.
É exatamente neste contexto que se enquadra
Festa de negro em devoção de branco. Resultado de um minucioso e aprofundado
trabalho de pesquisa, o autor parte em busca das origens de nossa identidade
cultural, a partir do encontro da cultura africana com a Lusitana. O resultado
é um belo livro, rico em dados históricos, uma jornada além mar em busca do
papel que o encontro e estranhamento entre duas culturas distintas, africanos e
portugueses, tiveram na invenção de uma nova e diversificada identidade
cultural que viria a ser brasileira.
O dia em que adiaram o
Carnaval – Trazendo
como subtítulo Política externa e a
construção do Brasil, O Dia em que adiaram o Carnaval, do historiador Luís
Claudio Gomes Villafane Gomes, usa como gancho uma curiosidade carnavalesca do
início do século vinte para falar de relações exteriores e a formação de nossa
formação como país. Poucos sabem, mas,
por conta do luto pela morte do Barão do Rio Branco, em 1912, quase cancelaram
as folias de fevereiro. Falecido no dia 10 daquele mês, tido como herói
nacional e maestro da formatação das fronteiras brasileiras, sua partida foi
motivo do decreto de luto oficial, impedindo a realização das festividades. O
impasse quanto ao cancelamento ou não do Carnaval daquele ano foi resolvido com
uma manobra de agenda: O Carnaval aconteceria, mas no mês de abril e não em
fevereiro.
O livro parte daí para destrinchar o mito do
Barão de Rio Branco como artífice na criação de nossa nacionalidade e na
construção de um conceito de Brasil como jovem nação, pós-independência.
Serviço:
Os carnavais de rua e
dos clubes na cidade de São Paulo: metamorfoses de uma festa (1923-1938)
Autora: Zélia Lopes da
Silva
268 páginas
Festa de negro em
devoção de branco: do Carnaval na procissão ao teatro no círio
Festa de negro
Autor: José Ramos
Tinhorão
160 páginas
O dia em que adiaram o
Carnaval: política externa e a construção do Brasil
Autor: Luís Cláudio
Villafañe G. Santos
280 páginas
Editora Unesp
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