Um Breve Perfil de Angela
Davis
Com um atraso de mais
de trinta anos, a Boitempo Editorial lança no Brasil Mulheres, Raça e Classe da ativista norte-americana.
Por César Alves
Ativista e professora de filosofia na
universidade de Santa Cruz, na Califórnia, Angela Davis nasceu no Alabama.
Péssimo lugar para ser negro e mulher, na América segregacionista dos anos
quarenta – terra da Ku Klux Klan, dos
linchamentos quase rituais e das execuções por enforcamento, que lembravam
strange fruits brotando nas árvores, como diz a canção.
Não é de se estranhar que, em meio a tal
ambiente, a menina crescesse sob o signo da indignação e da revolta.
Já aos 12 anos participa do boicote a uma linha
de ônibus que praticava segregação entre seus passageiros. Considerada
brilhante por professores, dois anos depois, Davis ganha uma bolsa para estudar
no liceu Little Red School House e
muda-se para Nova York.
Conciliando seu ativismo político com a
dedicação aos estudos, é aceita na Universidade de San Diego, na Califórnia,
onde é presa pela primeira vez num protesto contra a guerra do Vietnã.
Radicaliza-se e, ainda que discordante de algumas das posições de seus
companheiros, Angela adere ao Black
Panther Party de Bobby Sela e Huey P. Newton.
Suas ações junto à organização logo a colocaram
no alvo do FBI de J. Edgar Hoover, empurrando-a para a clandestinidade. Durante
meses saltou de esconderijo a esconderijo, até sua prisão no início da década
de 1970, que deu origem a uma série de protestos e ao movimento, de repercussão
mundial, Free Angela Davis, que pedia
sua liberdade. Ganhou versos em sua homenagem do poeta Jacques Prevért, canções
da dupla Jagger e Richards, Yoko Ono e outros artistas.
Fora da prisão, Angela Davis abandonou as
armas, mas jamais a luta. Ainda hoje, aos 72 anos, Davis é sempre combativa,
seja em nome dos direitos das mulheres, contra a intolerância e a crueldade
para com os animais.
Inspiração para o documentário Free Angela and all polital prisioners
(2012), Angela Davis escreveu diversos livros. Entre eles, Mulheres, raça e classe, que a Boitempo Editorial acaba de lançar
por aqui.
Publicado em 1981, os 35 anos que separam a
edição original em inglês da tradução, agora disponível para os leitores
brasileiros, em nada afetam a contemporaneidade e a relevância da obra. O que
pode ser um dado triste, significando que, no que toca à condição da mulher
numa sociedade fálica, da negritude numa cultura segregacionista e da pobreza
em meio ao capital selvagem e a ditadura do consumo, muito pouco ou
praticamente nada evoluímos.
O lançamento vem na cola de Reivindicação dos Direitos da Mulher, da
mãe de Mary Shelley e feminista avant la léttre
Mary Wollstonecraft (mais: http://orebitedoverbo.blogspot.com.br/2014/07/familia-sagrada-william-goldwin-mary.html),
que a mesma editora publicou por aqui recentemente.
Serviço:
Livros:
Mulheres, raça e classe
Autor: Angela Davis
Reivindicação dos Direitos da Mulher
Autor: Mary
Wolstonecraft
Editora: Boitempo
Editorial
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