Notas sobre um velho
safado
Editora Veneta relança
biografia de Charles Bukowski, depois de anos fora de catálogo.
Por César Alves
Não é de todo errado afirmar que na obra de
todo escritor, mesmo entre os menos realistas e mais adeptos da fantasia e do
fantástico, há algo de autobiográfico. No caso de Charles Bukowski praticamente
tudo, entre contos, romances e poemas, foi tirado a fórceps de suas
experiências e tragédias pessoais, o que não é novidade para ninguém. O autor,
no entanto, não se viu livre da criação de mitos e lendas sobre sua vida –
alguns criados por ele mesmo – e concepção de seus livros. Logo, como disse o
jornalista inglês, Howard Sounes, em uma entrevista recente, escrever uma
biografia de Bukowski é, em parte, desvendar os pontos que separam o mito da
realidade, o que buscou fazer em seu livro Bukowiski
– Vida e Loucuras de um Velho Safado, que acaba de receber nova edição da
editora Veneta.
Nascido em Andernach, na Alemanha, e radicado
nos Estados Unidos, onde se tornou um dos cronistas mais cultuados do “outro
lado” ou “lado selvagem” do american-way-of-life,
povoado por vagabundos, bêbados, viciados, prostitutas e cafetões, a trajetória
de Charles Bukowski e seu alter ego Henry Chinaski é aqui recriada com maestria
por Sounes, que teve acesso às suas cartas pessoais, além de conversar com
familiares, amigos e amantes, mostrando além do escritor bêbado, vagabundo,
mulherengo e imprevisível que sua própria obra e o posto de ícone da cultura
pop costumam propagandear.
A nova versão do livro conta ainda com a maravilhosa
capa criada por Robert Crumb e cedida exclusivamente para a edição brasileira.
Serviço:
Bukowski – Vida e Loucuras de um Velho Safado
Autor: Howard Sounes
Editora: Veneta
384 páginas
(Revista Cenário – edição 27)
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