Louis Wain ou a
Trágica História do Homem que Desenhava Gatos
Popular, na Inglaterra Vitoriana, como criador
de simpáticos cartões postais estrelados por felinos,
o artista passou seus últimos anos internado em clínicas psiquiátricas,
devido à esquizofrenia.
Por César Alves
Talvez você nunca tenha ouvido falar de seu
nome, mas certamente já tenha visto uma reprodução de seus desenhos de início
de carreira: cartões postais e imagens cotidianas estreladas por gatos em
situações humanas. Ilustrador popular e respeitado na Inglaterra Vitoriana,
Louis Wain (1960-1939) é conhecido como “o homem que desenhava gatos” e um caso
ainda hoje estudado por especialistas e estudantes das ciências neurológicas.
Como ilustrador, seu talento para o desenho
ganhou reconhecimento, não só pela beleza de seu traço e acabamento, como
também por sua criatividade para compor peças com apelo infantil e temática,
quase sempre adultas.
Recluso e muito ligado à sua família, sua vida e sua obra viriam a mudar drasticamente, após passar por
tragédias como as mortes da irmã, da mãe e de sua esposa, num curto espaço de
tempo. A eclosão da Primeira Guerra Mundial teria sido a gota d´água para um colapso
nervoso que o levaria a um estado esquizofrênico progressivo, aos 64 anos.
Depois disso, o artista passaria o resto de sua vida como interno em diversas
instituições mentais.
Se a doença condenou o artista a uma vida de
depressão, clausura e sofrimento, sua dedicação ao trabalho e sua fixação por
gatos, no entanto, mantiveram-se intactas. Seu estilo, porém, tomou outra
direção.
Quase como um espelho do que ocorria em sua
mente, os gatos antropomórficos de Wain, a partir daí, ganham características
estranhas que parecem evoluir conforme evoluía sua esquizofrenia. Os gatos
dissolvem-se em abstrações e coloridos caleidoscópicos, chegando a antecipar a
arte experimental – muitas vezes, sob o efeito de drogas – e psicodélica dos
anos 60.
Mas são os olhos de seus gatos, criados durante
essa fase, que mais impressionam. Depois da esquizofrenia, os felinos, antes
simpáticos e sorridentes, agora parecem olhar fixamente, com fúria, desprezo e
desconfiança para quem os observa. Reflexo, dizem especialistas, da própria
doença, tendo em vista que os pacientes de esquizofrenia costumam projetar nos
olhares dos outros sentimentos de hostilidade e ameaça.
Louis Wain morreu numa clínica psiquiátrica em
1939, mas sua obra, pelo menos para este que vos escreve, tornou-se eterna,
tanto no sentido estético, quanto clínico.
Incrível
ResponderExcluir